quinta-feira, 30 de junho de 2011

DEIXANDO ESCORRER …

DEIXANDO ESCORRER …
Este sentir
Que me dilacera a alma,
Que a rasga sem dó
Abrindo brechas profundas
Que expelem pedras incandescentes
Que jorram sem parar
Lava vermelha de sangue
Que quero estancar, parar,
Sentindo, só sentindo,
Deixando escorrer
Tudo.
Mesmo tudo.
Que se esgote em mim
Este sentir
Que sendo meu
Não me pertence.
O cão também entrou na igreja…
O que foi?
Melhor será não pensar
E esperar, esperar…
Pelo tempo que falta
Deixando escorrer
Tudo.
Mesmo tudo.

Jose Apolonia   30/06/11

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sempre...

Sempre...

Quero entrar, sem a porta abrir
Quero-me perder e não mais voltar
Quero-me sentar e em mim entrar
E assim neste estar, quero permanecer
Quero as respostas, sem as perguntas fazer
Quero-me calar e não mais falar
Tenho-te em mim, sem me aperceber
Tenho-te um amor de enlouquecer
Tenho-te comigo,
Sempre…
Ao entardecer
E assim neste estar, quero permanecer
E se preciso
Mais não quero FALAR
Mais não quero AMAR
Mais não quero SENTIR
Mais não quero OUVIR
Apenas e só neste estar, me quero
Só…
Contigo

  José Apolónia 20/05/11

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Oh solidão...

Oh solidão…

Solidão
Estar só
Na solidão do tempo
Na tua solidão
Sentir os teus braços
No meu corpo enleados
No silêncio que leva um abraço
A eternizar-se no tempo
A fixar-se num ponto
Do caos
Calado pela solidão
Que mora na noite
Ou no dia
Mas que cala fundo
E é fria
A solidão
Oh solidão…
que rasgas noites de luar
que trespassas dias ao chegar
que nos  ensurdeces sem falar
no silêncio de um abraço
tu oh solidão…
que nos beijas sem avisar

Jose Apolonia 27/06/11

FOLHA...

FOLHA…

Folha que brota
No ramo frágil
Na copa da árvore
Somos nós
Os outros
A folha
Que fortalece a vida
Da árvore
Somos a folha em gestação
Enquanto verdes
Na primavera em rebento
No verão em frescura
Em proteção que a árvore agradece
No Outono o colorido
Das cores mortiças
Que abandonam o lar
No cair suave ou não
Da folha
O tempo que leva a tocar
O chão…
A vida…
O inverno a chegar
O desconforto
A despedida…
A primavera que se adivinha…
Quanto tempo leva?
Uma folha , uma vida?
Uma centelha?
Que seja vivida…

Jose Apolonia   27/06/11

sexta-feira, 24 de junho de 2011

MILONGA...

MILONGA…
As expressões
De quem sente o momento
Presente
Da dança na dança
Do tango
O deslizar suave, encantado
Por sapatos formado
O calor presente, as roupas coladas
Os sorrisos expressos
No olhar…
Os pés que escaldam
Os leques que não param
Corpos a rodopiar
Rostos fechados, a enganar
A dança…
Dos sapatos, verdes, prateados
Dos outros
Sempre a encantar
As falas no ar
O tempo parece atrasar
Sorrisos lindos de passos que saem
Estonteante…
O chão bem riscado
A cada momento
Um bailado
Tangado.
Jose Apolonia    24/06/2011

É TRISTE...

É TRISTE…
Adormeci, triste
Com a tristeza por companhia
Assim acordei
Triste
Sem brilho, ainda que o sol brilhe
Me pisque o olho
Me aqueça
Mas por fora
E não o suficiente
Para que derreta
Esta película fria
Que me envolve-
Tempos modernos
Estes em que vivemos
Onde tudo, tudo mesmo
Tem um rótulo
Com números
De validade, de prazo
Pouco importa mais
Espero , espero mesmo
Que também esta tristeza
Que me assola
Tenha prazo de validade
Que os valores invertidos
Se reconvertam…
Jose Apolonia    24/06/2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Definitivamente ...

Definitivamente …

Sendo que somos todos iguais
Não somos
Definitivamente não somos
No coração de cada um
Mora algo, que é próprio
Que é seu
Que não vem escrito
Em livro algum
Que não há grelha que se aplique -
Beleza não castradora…
Algo que me toca
Cá dentro, no coração
Cá dentro, em mim
No coração que não tem quartos
Mas que guarda, religiosamente
Sentimentos, sentires
Meus, que prezo, guardo
Que estimo,
Que sinto.
E que quando sozinho
Escuto, grito, choro
E amo
Não tendo quartos
Tenho sentimentos
Que guardo
Que trago comigo
Sempre…

Jose Apolonia  13/06/11

sábado, 11 de junho de 2011

Génesis

Génesis

O sobressalto…ao acordar
E na procura, te assustar
Com um beijo…
O sossegar não estranhar
Ao descobrir
Esse sorriso “parvo”… no olhar
Ouvir encantado
O chilrear enamorado, por amor pautado
No dizer calado, sentir exaltado
a calma que reina a teu lado
Na história Indu sobre o lobo
onde, parece, estamos de acordo
no esvoaçar suave do pisar
na pressa de andar, devagar.
Parados, mesmo.
Da génesis,
da flor de Lotus-
Será a estrela da noite?
Se é, espero que chova,
espero que a terra trema,
que se rasgue e grite:
AMOR

Jose Apolonia  11/06/11

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Visão


Jose Apolonia  2011


Eu que me afasto…

Eu que me afasto…

Segue o caminho, o das azinhagas
o da terra batida pelo calcar dos anos
aquele que se forma entre as silvas
que é bordejado pelas giestas
que tem os aromas do campo
 da vida
Ladeia os vales, sobe e desce montes
Pára, pára
escuta
consegues escutar?
Senta-te e escuta
O silvo do vento por entre as árvores
O zumbido da abelha na flor
O da libelinha
Consegues sentir esta dança?
Uma perfeita sinfonia
Da natureza
Segue, segue até ao caminho
Que contorna o rio
Que o acompanha, e vê
Vê aquele ponto no horizonte -
Sou eu a navegar
Eu que me afasto da tempestade
Da tormenta, das areias movediças
Eu que levo comigo tudo o que é meu
E dois sóis
Dois rebentos meus
Que amo

   Jose Apolonia  06/06/2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Efémeros os vazios...

Efémeros os vazios…

 O vazio que por vezes nos assola
Que se instala em nós
Provocando um estar ou um não estar!
Uma azia, uma falha, um cataclismo.
Uma tomada de consciência…
de nós próprios.
Assusta-nos… Remete-nos para
o vazio da nossa existência
“para a perda
ainda que seja de algo que nunca tivemos
que nunca foi nosso
mas que ficou
por cá…
por um tempo”
sendo que pelo menos,
pelo menos
uma vez na vida devemos fazer,
dizer, devemos gritar
o que queremos, o que nos vai na alma.
Se o pudermos fazer mais ainda,
óptimo.
Os vazios, os cataclismos...
Muitos -
e efémeros.

Jose Apolonia  01/06/2011