segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Pássaros de Outono


Pássaros  de  Outono

As pontas dos cabos sem nó
Agitam-se ao sabor da leve brisa
A agitação ainda contida, observo
O nascer deste dia de Outono
As folhas, essas teimam, permanecem
 Em suas casas dançam como vagas, suaves
 As emoções fluem, como se de nascente
O brilho de todas as estrelas em ti, florisse
Como se flor fosses, embrutecida de desejo
Tocas a mais bela melodia ao nascer, o azul
Em ambas as margens deste Rio, emudeces
As palavras dançam, escorrem sob dedos 
Os cabos agora caçados vivem sob tenção
As velas cheias, enfunadas. O barco navega
O rumo?
Tua melodia que escuto nas águas trémulas
Que se afastam, rasgadas pela quilha incisiva
Ao leme, beija-me o vento a brisa que me leva
Devagar, pela vida como uma carícia no caminho
Tuas palavras vão e vêm como marés vivas
Em mim, o leme da vida, o leme do barco o rumo
Será sempre o dos pássaros que voam e navegam…

Jose Apolonia  31/10/11

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PINTAR AS PALAVRAS


PINTAR AS PALAVRAS

O dia escoa devagar em tua imensidão
Recolhes-te
As areias da praia nuas de ti choram
Água cristalina
Lágrimas tuas encontram-te no leito
Onde repousas
A saudade exasperada, toma corpo
Nervoso
O peixe encurralado nada em círculos
Em silêncio
Permanecem as pedras sem arestas
Seixos
Arredondados pelo teu vai e vem
Continuo
Em silêncio espero pintar a saudade
De branco
Teu lençol onde deito as memórias
Espraiado
Pelas areias ainda húmidas, esfumasse
O sentido
De cada coisa una mas separata

Sabes, prisioneiros como o peixe
Choramos a saudade em silêncio
Não passamos de seixos em formação
A quem a vida como tu, Mar
Vai limando as arestas, devagar
Pelo tempo infinito, interminável
Tudo diminui, até o sentido
Que não encontro nas palavras

José Apolónia  27/10/11

domingo, 23 de outubro de 2011

DIZ-ME…


DIZ-ME…

Diz-me, diz-me tu 
que te escondes nas palavras
como poderia ser o que não é
ou como sem sentido o houvesse
uma sombra na escuridão
tudo tem uma ilusão uma asa
e em principio um fim
a entoação essa coisa, melodia
que nos eleva e transporta
por vezes parados andamos
mas é raro de tão raro paramos
digo-te o que já muito disse
palavras são palavras só palavras
só palavras, só palavras, só palavras
mas...
sabes porque vou ao jardim?
sabes porque me perco no Mar?
sabes porque gosto de navegar?
sabes porque me sento e olho o Rio?
sabes porque ele esta sempre lá?
sabes que o cristal puro é negro?
sabes que a luz é nossa?
sabes que tudo é certo ou errado?
sabes no fundo o que te quero é simples
a primavera existe em todas as estações
e em todas, em todas em que parares
repara têm luz, rima e arrepia sempre
sendo ou não poema arrepia a pele
o chiar das rodas quando param as estações

José Apolónia 23/10/11

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

OS CAMINHOS QUE PERCORRO


OS CAMINHOS QUE PERCORRO

Os caminhos, os caminhos que percorro
 Na ânsia de te encontrar, de me encontrar
Contigo que não conheço que andas por aí
Comigo em pensamentos pela noite pelo dia
Tenho arrepios, os pelos eriçados e és tu
Que não conheço que mergulhas em mim
Como as luzes à noite mergulham no rio
Sabes que o rio à noite se veste de negro?
Que eu quando pequeno à noite tinha medo?
Agora à noite visto-me de negro como o Rio
Visto-me com a noite as cores do Rio, de negro
E sentado com ela por companhia observo, o Rio
As cores vivas da cidade perpetuam-se verticalmente
Formam caminhos verticais, coloridos, de sonho
Penso a cidade colorida, submersa no Rio de negro
Na procura da verticalidade pelas águas do Rio, sonho
E penso-te no fim de um desses caminhos coloridos
 Verticais, de sonho, que percorro um a um 
Na ânsia de te encontrar, de me encontrar contigo  
Acordo pelo Rio, o Sol num longo beijo à noite
As luzes recolhem à cidade que agora desperta
Lentamente o burburinho o rebuliço a azáfama
Instalam-se pela cidade como nós, desencontrados

José Apolonia   20/10/11

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

TEU SORRISO

TEU SORRISO

Esse teu sorriso existe
Esse teu sorriso, eu conheço
Perdido no horizonte entre trevas
Por caminhos selvagens, à beira MAR
Existe. Eu conheço-o. É teu esse sorriso
É simplesmente delicioso, aberto
Quente, tão quente que me perco
Perco o rumo sempre que o navego
E existe. Eu tenho-o em mim, guardado
Religiosamente, ciosamente em mim
Como o canto dum pássaro, ilumina-me
Aquece-me nas madrugadas frias, cinzentas
Embriaga-me como as cores quentes da borboleta
Dos jardins coloridos por flores selvagens
Esse teu sorriso floriu em mim e ficou
Como um oceano entre nós, onde me banho
E me perco, perco o rumo sempre que navego
Por esse teu sorriso delicioso, aberto
Sabor aMAR…

Jose Apolonia  18/10/11

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

NAS AREIAS DO MECO


NAS AREIAS DO MECO

O dia esvai-se, devagar
Sem vento, sem brisa alguma
Derrama sobre as águas límpidas
Tintas de várias cores, pincela
O azul marinho de vermelho, amarelo
Tudo mesclado, indistinto mas belo
No infinito horizonte, algumas velas
Pontos brancos navegam as cores
Imagino que aí o vento dorme
Nos panos brancos, alvos, no balanço
Do vai e vem ondulado do teu corpo
Sento-me sobre as areias, em mim
Fecho os olhos, transporto-me aí
A esses pontos brancos em ti, voo
Nas asas da gaivota em seus cânticos
Frenéticos, desperto-me em ti, MAR
Gritos estridentes ecoam sem eco
Por vales verdejantes pelas profundezas
Submersos pela calma petrificante
Das tuas águas por onde navego meu MAR

Jose Apolonia  13/10/11

sábado, 8 de outubro de 2011

Navego em ti meu Mar


Navego em ti meu Mar

Por teus caminhos me perco e encontro
Em ti as emoções brotam como água, seiva…
De fonte inexistente mas continua, da flor
Cerceada de algo por algo, chora, brota
Floresce, rosa de espinhos secos mas flor
Navega em ti na deriva de um rumo e chora
Navego em suas águas, diluídas em ti meu Mar
O tempo acelera e eu ao leme, levantas-te com o vento
As velas demasiado caçadas o mastro quase, quase
Num beijo em ti, arribo, folgo a grande, observo-te
Fúria repentina em ti, o barco casa minha, geme, grita
Em tuas formas onduladas desfeitas em fúria, espumas
Varres tudo, todo o convés te escorre, seiva tua, Mar
Em mim, espinhos cravejados em ambas as mãos
Escorrem-te flor, de cor rosa, choras aMAR
Procuras-te num dilúvio de tormentas, revoltas-te
 Num MAR de espinhos secos, áridos, arderam
Na deriva vi uma flor, florir no dorso da onda
No MAR Salgado pelo sal a navegar, em pé

Jose Apolonia   08/10/11